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 Descobrindo o Brasil








Apresentação da Obra

          Pindorama - terra das palmeiras. Assim os indígenas chamavam o Brasil ao tempo em que nosso país - continente era uma floresta quase contínua e, se as matas tivessem permanecido nas mãos de seus primeiros habitantes, talvez as florestas não tivessem sido dizimadas, as águas dos rios, lagoas e mares não padeceriam de progressivo envenenamento, as espécies animais do Brasil não correriam, como agora, o dramático risco da extinção.

          A fauna brasileira, um patrimônio ambiental de valor inestimável, constitui um mundo que é nosso e que, fisicamente, conhecemos pouco, tornando-se um tanto mágico, uma porta entreaberta à realidade e aos mistérios da selva. Infelizmente, foi à custa do sacrifício de muitas espécies que recolhemos uma profunda lição: a Terra é um organismo cuja vitalidade depende de cada ser vivo. A vida de um é a vida de todos, e nossa sobrevivência está indissolúvelmente ligada ao destino dos animais.

           O processo predatório impiedoso e , tantas vezes criminoso, já atinge a níveis desastrosos e irreversíveis.

          Para se investigar o mundo animal e seu fantástico, mas complexo elo com os fenômenos da natureza, suas interrelações, é preciso ir além dos limites acanhados do próprio texto e da nomenclatura fria e interpretar o sentido exato da vida selvagem, atingindo o imaginário da floresta virgem. Porque, à medida que você desvenda a natureza, há mistura de componentes cognitivos e emocionais nessa procura, quase que sobrepostos: o interesse e o conhecimento.

          Assim a obra de Carlos Alberto de Mello, " Descobrindo o Brasil ", uma rica e oportuna contribuição para a educação ambiental de crianças, jovens e adultos, que hoje é uma exigência constitucional . O livro oferece, de forma original e inteligente, uma fonte de pesquisas e manuseio, aliando a informação científica ao encanto da poesia, onde nossos animais, agora raros, se reavivam em movimentos, cores e brincadeiras, através de uma criativa viagem ao reino dos 58 mamíferos brasileiros em luta pela sobrevivência.

          Seus versos alegres, ágeis e ritmados transparecem a dedicação de um trabalho sério, onde a mensagem, de alto valor educativo e cultural, não se esgota em suas páginas, sugerindo a reflexão, novas pesquisas em " sites " na Internet e, principalmente, a crença em um amanhã mais promissor, onde a ganância e o uso desordenado dos recursos naturais não tomarão o lugar e o direito à vida.

          Bem se expressa o autor nesta estrofe, sobre o cervo-do-Pantanal

 

 " Que Deus proteja seus passos

 de balas de caçador.

 Em vez de troféu na sala,

 melhor um pouco de amor. "

 

          Esse é o espírito da obra que celebramos, pela qualidade do seu conteúdo e o estilo extremamente agradável de transmissão de conhecimentos.

 

 

         Arnaldo Niskier

 

         Membro da Academia Brasileira de Letras